segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Cabe ao coração

Cabe ao coração

Minha vida
Tem sido guiada:
Pela lógica da razão,
Ou pela explosão
Da vontade?

A razão lida
Com o certo e o errado.
A vontade com:
Eu quero, eu não quero.

Tudo fica difícil,
Quando a razão revela:
É errado.
E a vontade insiste:
Mas eu quero!

Não menos quando
A razão aconselha:
É certo.
E a vontade releva:
Mas eu não quero!

Pois razão,
É cabeça.
E vontade,
Coração.

E os sentimentos:
Cabeça ou coração?
São controlados:
Pela vontade,
Ou pela razão?

Os sentimentos,
Não os controlamos,
Brotam da alma,
Por compulsão!
São instintos
Não extintos em nós.

Não cabe a razão
Controlar a alma,
Cabe ao coração.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Desiderata


DESIDERATA



Nunca se desespere
Diante da dor e da angústia.
Antes, agradeça por
Poder senti-las.
Viva-as intensamente...

A dor reforça o caráter,
Abranda o coração.
A angústia modela o espírito e
Eleva a alma.
Cresça!

A fé e a esperança
Podem vencê-las.
O conforto vem com a oração.
Ore!

Busque a paz,
Do coração e da alma,
Para você e quem lhe rodeia:
Faça!

Essa é a nossa missão:
Não temas!
Deus proverá a graça.

Usuário


Usuário 


Sua voz era grave e bem postada.
Todo mundo que ouvia sua pregação se encantava.
Alguns afirmavam que era a sua beleza que cativava.
Mais muitos concordavam que ele falava de alma para alma.
Não havia como negar a sua inteligência.
Tinha pretensões políticas veladas...
Certa manhã levantou-se apressado, tomou seu desjejum.
Beijou carinhosamente a mulher e seus dois filhos.
Saiu e nunca mais voltou!
Sua mulher, seus amigos e admiradores o procuraram por todos os cantos.
Polícia, ONGs, detetive particular. Nada! 
Deixou fortuna suficiente para a educação e futuro da família.
Dois anos se passaram.
Sua voz e sua imagem são agora, só lembranças.

Enquanto todos tocam suas vidas...
Um indigente, usuário de craque, é enterrado em vala comum.

Construiu um mundo em volta dele, e 
destruiu exatamente o que tinha dentro dele.    


Encontrando a paz


ENCONTRANDO A PAZ

Tenho entrado n’uma sala escura,
Sentado, espero a minha vez...
Não me importa o tempo da espera,
Importa a vontade de encontrar.

Volto todos os dias àquela sala escura,
Sentado, espero (só espero) a minha vez.
Não me importa o tempo da espera,
Importa a esperança de encontrar.

Sei que estão pensando que um louco sou,
De fato acho até que têm razão,
Quanta insensatez é este esperar...
Quem vai avisar a quem, que ali estou?

Mas é aqui, nesta sala escura, na solidão,
Que algo novo está acontecendo:
Uma paz profunda, vai me envolvendo...
 Calando fundo meu coração.

Loteria



Loteria
   
Acordou no meio da noite com seis números na cabeça.
Tateou o criado mudo a procura do abajur e acendeu a luz.
Pegou a pasta ao lado da cama retirou a agenda e anotou.
Voltou a dormir.

Pela manhã saiu apressado. Já estava atrasado.
O trânsito estava insuportável, e ainda tinha aquela chuvinha fina e constante.
Chegou a tempo e trabalhou duro o dia inteiro, nem teve tempo de almoçar direito.

Lá pelas tantas, na hora de ir embora, lembrou-se da agenda.
Procurou por ela na pasta, não estava lá, ficara sobre o criado mudo, em casa.
Ligou para a mãe. Ligou para a irmã que mora ao lado. 
Não encontrou ninguém.

Passou pela casa lotérica e pegou um volante.
Jogou uns números que lhe vieram à cabeça e que talvez nem fossem aqueles com os quais havia sonhado.

Que pena! Não ganhou a sena.
Os números da agenda ele jamais olhou!



Rotina


Rotina


Levantou sedo, no domingo, e foi à missa.
Passou na padaria e comprou queijo e pães.
Chegou em casa sorridente e alegre.
Entrou e não encontrou ninguém.
Passou por todos os cômodos e os observou vazios.
No seu quarto havia apenas uma cama, um guarda roupa sem portas e uma escrivaninha lotada de papeis e livros.
A sala tinha um sofá rasgado e imundo e uma televisão antiga.
A cozinha estava em completa desarrumação.
Vasilhame espalhado e restos de comida por todos os cantos.
Sentou-se no sofá da sala e recordou de tudo!
A falência. A separação. O adeus às crianças. O abandono...
Estava só!
Cadê tanta gente que ele empregou e ajudou?
Onde estão os parentes que tanto se beneficiaram nos tempos das vacas gordas?
Por onde andam aqueles amigos que enchiam sua casa nos fins de semana?
A crise o havia pegado de cheio. Havia aplicado na bolsa de futuros. Apostara muito. Perdera tudo...
Passou o dia assim, recordando...
No final da tarde, coou café, comeu o pão com queijo e foi se deitar, exausto.
Antes de dormir tomou a decisão de continuar vivendo de fé e esperança.
Era tudo que lhe restava...
Dormiu soluçando.
Levantou cedo e foi à missa.
Passou na padaria e comprou queijo e pães...

Imagens


Imagens


Para conquistá-la ele inventou um personagem.
Para impressioná-lo ela mentiu no nome, a idade e a profissão.
Por seis meses, o médico e a advogada se encontraram todos os dias.
Estavam apaixonados: um pela farsa do outro.

A vida cuidou em desmascará-los.
O motoboy bateu feio no trânsito e foi levado ao hospital público.
A enfermeira que cuidou da sua recuperação, o reconheceu desde os primeiros dias.
Duas semanas depois, ele teve alta e saiu do hospital.

De muletas, mas amparado por uma enfermeira apaixonada.

Juraram não mentir mais um para o outro.

Ele prometeu nunca mais andar de moto.

Aventura de escrever

AVENTURA DE ESCREVER


Escrever é uma eterna aventura.
As palavras caminham sobre o papel,
Expressando ideias, ideais e,
Sentimentos...

Cada palavra tem seu destino,
Seu rumo,
Geram novos pensamentos,
Vezes alegres, vezes soturnos,
Mas cada qual tem seu preço.
Cada ideia, interesses.

E o papel, inocente,
Registra tudo e cala!

Escrever é uma aventura,
Que tal como todas, custa:
É eternamente dura,
Não raramente, frustra.