Loteria
Acordou no meio da noite com seis
números na cabeça.
Tateou o criado mudo a procura do abajur
e acendeu a luz.
Pegou a pasta ao lado da cama retirou a
agenda e anotou.
Voltou a dormir.
Pela manhã saiu apressado. Já estava
atrasado.
O
trânsito estava insuportável, e ainda tinha aquela chuvinha fina e constante.
Chegou a tempo e trabalhou duro o dia
inteiro, nem teve tempo de almoçar direito.
Lá pelas tantas, na hora de ir embora, lembrou-se da agenda.
Procurou por ela na pasta, não estava
lá, ficara sobre o criado mudo, em casa.
Ligou para a mãe. Ligou para a irmã que
mora ao lado.
Não encontrou ninguém.
Não encontrou ninguém.
Passou pela casa lotérica e pegou um volante.
Jogou uns números que lhe vieram à
cabeça e que talvez nem fossem aqueles com os quais havia sonhado.
Que pena! Não ganhou a sena.
Os números da agenda ele jamais olhou!
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