Os nós que damos em nós
Jovem ainda,
Ficava vendo,
Intrigado,
As ágeis mãos
Da minha mãe,
Tecendo,
Nó por nó,
Ordenados,
Firmes e
Disciplinados
Pontos de crochê.
Linhas finas,
Linhas grossas,
Viravam: colchas,
Toalhas e cortinas.
Trabalho persistente,
Silencioso,
Envolvente...
Mais que um hobby,
Sua sina!
Mais intrigado,
Quase revoltado,
Ficava ainda,
Quando ela,
Displicentemente,
E pacientemente,
Desmanchava,
Longas fileiras de nós,
Por ter percebido,
(e só ela os achava)
Pequenos erros
Invisíveis,
No meio de tantos
Perfeitos visíveis.
Hoje, não tão jovem,
Fico pensando,
Intrigado,
Maravilhado,
Que o enredo da vida
É atar e desatar os nós:
Os nós da amizade,
Os nós do relacionamento,
Os nós do dia a dia...
Os nós,
Que nós tanto
Damos em nós,
Quase cegos,
Tão humanos!
Ela me revelara o segredo:
É preciso habilidade
Para dar os nós,
Ponto a ponto,
Tecendo formas,
Enredando imagens,
Mas, sem arremedo,
Muita docilidade...
Mas advinha:
Difícil é desatar os nós,
Que foram dados,
Sem perder a linha!
Com maturidade...
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