sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Os nós que damos em nós

Os nós que damos em nós


Jovem ainda,
Ficava vendo,
Intrigado,
As ágeis mãos
Da minha mãe,
Tecendo,
Nó por nó,
Ordenados,
Firmes e 
Disciplinados
Pontos de crochê.

Linhas finas,
Linhas grossas,
Viravam: colchas,
Toalhas e cortinas.
Trabalho persistente,
Silencioso,
Envolvente...
Mais que um hobby,
Sua sina!

Mais intrigado,
Quase revoltado,
Ficava ainda,
Quando ela,
Displicentemente,
E pacientemente,
Desmanchava,
Longas fileiras de nós,
Por ter percebido,
(e só ela os achava)
Pequenos erros
Invisíveis,
No meio de tantos
Perfeitos visíveis.

Hoje, não tão jovem,
Fico pensando,
Intrigado,
Maravilhado,
Que o enredo da vida
É atar e desatar os nós:
Os nós da amizade,
Os nós do relacionamento,
Os nós do dia a dia...
Os nós,
Que nós tanto 
Damos em nós,
Quase cegos,
Tão humanos!

Ela me revelara o segredo:
É preciso habilidade 
Para dar os nós,
Ponto a ponto,
Tecendo formas,
Enredando imagens,
Mas, sem arremedo, 
Muita docilidade...
Mas advinha:
Difícil é desatar os nós,
Que foram dados,
Sem perder a linha!
Com maturidade...

Nenhum comentário: