sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sertão nordestino

SERTÃO NORDESTINO

Severino não foi feito de barro,
Foi feito só da terra dura do chão.
Na terra dele não tem água,
Pois num chove faz um tempão.

Houve tempo que campeava,
Numa jumenta, um gado são.
Mas hoje tá tudo acabado, o gado
Morreu: de fome, sede e inanição.

Viveu sua vida inteirinha,
Só na seca desde então.
Usa um chapéu feito de couro,
Que é pra evitar isolação.

Prá chuvê mesmo que bão,
Não adianta rezadeira e benzeção.
São Pedro esqueceu de vez,
Desta pobre gente, lá do sertão!
  
...

Sonha um dia, esta terra rachada,
Ficar toda encharcada:
Das doces águas do São Francisco,
Que santas, hão de abençoar.

E por encantado roteiro,
Unidos, cantando seguirão,
Tal e qual o Severino romeiro.
E o povo sofrido daquela nação.

Buscando cumprir seu destino,
De transformar o sertão nordestino
Num vasto, lindo e fértil mar
Ladeado de pasto, gado e plantação!

...

Faz tempo que o Severino
Sua esperança viu afogar
Num vasto, lindo e fértil mar:
De lama, barro e podridão.

Dizem que é mais de bilhão
Que corre no rio da safadeza.
O Severino já tem uma só certeza:
Não há Santo que resolve não!  

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