quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Prerrogativas

PRERROGATIVAS


Há mais frieza no último sorriso
Do condenado,
Que mais pujante desprezo.
Há mais gelo no olhar indiferente
Do corruptor,
Que na mais reles ofensa defecada.

Bocas imundas falam menos falsidades,
Que algumas cuidadosamente limpas.
Rostos de aparência angelicais
Não significam corações singelos.

Poderosos são capazes de muita podridão
Para se manterem encastelados no poder.
Possuem almas imundas e mãos criminosas,
Vestem roupas caras e colarinhos brancos.

Almas perturbadas e desajustadas
Não habitam, só, corpos atormentados e sujos.
Nem todas as mãos que matam
Estão sujas de sangue.

A corrupção não é privilégio de fracos,
É prerrogativa dos homens.

Dissimulados somos todos nós
Nas inocentes mentirinhas cotidianas:
Arrotamos boa educação e conduta,
Mas nos omitimos diante de poderosos.

Acreditamos que a melhor distribuição de renda
É sempre a divisão dos ganhos dos outros.
Caridade e filantropia: se faz com sobras;
Como não me sobra, não faço!

E esta nossa omissão diária faz mais vítimas
Que catástrofes e guerras.

Acreditamos em mandingas, feitiços,
Maus olhados e magias,
Mas duvidamos dos milagres.
Acreditamos que figas e amuletos nos dão sorte,
Mas não temos fé!

De todos os seres vivos, somos únicos, taridades.
Acreditamos nas nossas próprias verdades.

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